Modus Operandi

When we have a crime commited as serious as a homicide (or several, when it involves a serial killer), the only starting point we have to begin understanding the criminal is the crime scene.

We’ve all watched CSI and similar shows, or at least we all can agree on the importance of criminalistics to ensure that the law is respected. Psychologists and psychiatrists are usually part of these teams. The physical evidence helps them create a possible psychological profile of the killer, and the result of that work aids the police in being more efficient and competent in finding their criminal.

To begin with, the crime scene is all we’ve got. We don’t know who the killer is, and many times, even when they’re caught, we have no acess to the way they think. Few murderers genuinely contribute to the understanding of their pathology – many psychopaths keep silent regarding their motivations. Since it’s part of their anti-social personality to lie and manipulate, it becomes even harder to know the truth.

It’s curious to conclude that I work under the same principle in my psychotherapy office, with emotionally healthy people (as healthy as we can all be). The facts always have to be confronted in our minds with what people say. We’ve got what it’s said, but we also got what we can see and notice without the person having to say anything. For example, if a person sits in front of me in an aggitated manner, and talks through the entire session non stop without giving me an opportunity to speak, I’ll find it at least curious if this person describes herself as a calm listener.

So let’s keep to the facts at first – the crime scene. What can the crime scene reveal to us? We have the actual place where the murder was commited, and we have the victim’s body. With that we can know what was done to the victim, their last moments alive, what kind of violence did they suffer. We can find out how the aggression was commited, we can determine by temperature how long the victim is dead. We can study the victim, in the absence of a killer. Their habits, their behavior, the last time they were seen in public. We can theorize about ways the victim could have come across their killer, the relationship they had with the killer (if any), how they were chosen, how they were taken, and how long the killer spent with them, alive and dead.

All of that and a bit more come together to establish the killer’s modus operandi, his “way in which he operates”, from the beginning to the end of his criminal behavior. We have examples of killers that strike and even kill in public places; others brake into their victims’ homes to assault and kill them there, others take the victim to a secure and known place. Many kidnap and spend lots of time with the victim, torturing them physically and psychologically before the final act. Others kill their victim within moments after they take them. Some hide the victim’s body in their own house, some just leave it there where the attack happened, others take the body to a deserted place which makes it more difficult to find it. Many make absolutely no contact with their victim prior to the attack, others stalk them, getting to know their habits. Some choose prostitutes, others older people, or kids, or adults. Some choose victims of specifical physical appearance, others are completely arbitrary, even when it comes to the victim’s gender.

This brings us to my main point. What is the advantage of studying a killer’s modus operandi? To the police the advantage is obvious. Getting to know a killer and the way they act will help them find and catch him faster, and also will able the police to determine the exact population at risk with that specific killer. In other words, it helps the police catch a criminal and try to avoid future crimes. But what about the psychological advantage? What can a killer’s modus operandi tell us about that killer’s personality and emotional structure?

In order to answer that question properly I will first ask another of my readers: what is the use of a certain modus operandi to the killer? Why does he insist in repeating it, in having patterns, knowing that it will only make it easier for the cops to catch him? Why doesn’t he kill different people, in distant places, in different moments, in different ways? Why doesn’t he kill one person with a knife, another with a gun, confusing the police and therefore avoiding to get caught?

Think about it. Let’s see what you can come up with.

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Quando temos um crime cometido da gravidade de um assassinato (ou de vários, no caso de um assassino em série), o único dado que temos para começar a entender o criminoso é a cena do crime.

Todos nós já vimos CSI e programas do tipo, ou pelo menos temos noção da importância da ciência criminal para que a lei seja respeitada. Os psicólogos e psiquiatras costumam fazer parte destes times de criminalistas. As evidências físicas os ajudam a formular teses específicas sobre o comportamento do assassino – e esse trabalho por sua vez ajuda a policia a procurar mais eficientemente seu criminoso.

No início, cena do crime é tudo que temos. Não sabemos quem é o assassino, e muitas vezes não temos nenhum acesso a seu modo de pensar, até mesmo quando são presos pela polícia. São poucos os que contribuiram genuinamente para a compreensão da sua patologia - muitos psicopatas ficam em silêncio para sempre a respeito de suas motivações. Como faz parte da sua doença seu comportamento manipulatório, mesmo que resolvam falar fica ainda mais difícil saber em quê acreditar.

Curiosamente, trabalho com o mesmo princípio no meu consultório, atendendo pessoas mentalmente saudáveis (bem, o mais saudável que dá para ser). Os fatos sempre tem que ser confrontados com o que a pessoa diz. Temos o que é dito, mas temos antes de tudo aquilo que podemos observar sem que o outro tenha de falar. Por exemplo, se vejo uma pessoa sentar à minha frente, falar sem parar e chacoalhar a perna durante toda a sessão, devo achar no mínimo curioso se esta pessoa se disser calma, controlada e nada ansiosa em sua vida lá fora.

Vamos então nos prender aos fatos, à cena do crime. O que ela pode nos revelar? Temos o ambiente em que o crime foi cometido, e temos o corpo da vítima. Sabemos assim o que foi feito com a vítima, seus últimos momentos, que tipo de violência sofreu. Podemos saber em que ordem os ferimentos foram cometidos, podemos medir sua temperatura e descobrir a quanto tempo está morta, e portanto, há quanto tempo seu assassino esteve ali. Podemos estudar a vítima, na falta de um assassino. Seus hábitos, seu temperamento, a última vez em que foi vista em público. Podemos teorizar então em que momento encontrou seu assassino, qual a relação que provavelmente tinha com ele (se é que tinha alguma), como provavelmente ele fez para levá-la contra sua vontade, quanto tempo passou com ela, viva e morta.

Tudo isso e um pouco mais compoem o modus operandi do assassino, sua “maneira de operar”, do início até o final de seu comportamento criminoso. Temos assassinos que atacam e até matam na própria rua, outros invadem a casa da vítima e a agridem ali mesmo, outros a levam para um local seguro de seu conhecimento. Muitos raptam e passam longo tempo com a vítima, torturando-a fisicamente ou psicologicamente de tudo que é forma antes do ato final, que é a morte. Outros matam imediatamente. Alguns escondem o corpo da vítima na sua própria casa, outros largam ali mesmo onde o crime foi cometido, outros levam para lugares remotos que dificultem o descobrimento do corpo. Muitos não fazem contato algum com a vítima antes de matá-la, outros são stalkers, ou seja, elegem uma vítima e passam longo tempo planejando, seguindo a vítima, conhecendo seus hábitos. Alguns escolhem prostitutas, outros idosos, outros crianças, outros adultos. Alguns escolhem sua vítima com base em características físicas específicas (morenas, loiras, jovens, idosas), outros são totalmente arbitrários na escolha da vítima, inclusive em relação a seu sexo.

Chegamos então ao cerne da questão. Qual a vantagem de se estudar e determinar o modus operandi de um assassino? A vantagem para a polícia é óbvia. Claro que conhecer o assassino e como age ajudará a encontrá-lo, e também a determinar que tipo de população está sujeita ao ataque daquele assassino específico. Ou seja, tem a função de facilitar no encontro com o assassino, e também de evitar futuros crimes. Mas, e a vantagem psicológica, qual é? O que o modus operandi pode nos dizer de um assassino, em termos de personalidade e estrutura emocional?

Para responder a esta questão, antes irei indagar meus leitores com a seguinte pergunta: para que serve o modus operandi para o criminoso? Por que ele insiste em repeti-lo, sabendo que isto facilitará o trabalho da polícia em encontrá-lo? Por que não mata pessoas diferentes, de lugares mais distantes, em momentos diferentes, com características diferentes? Por que não mata um com faca, outro com revólver, confundindo a polícia e evitando ser pego?

Reflitam sobre isso. Vamos ver o que vocês têm a dizer.